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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Crianças pequenas e crianças Grandes (3 de 3) & Desafio ao Gabriel: Entrevisa #1

E, enfim, retornamos ao meu sobrinho Gabriel Augusto. Logo no segundo post do blog, falei do desafio que havia proposto a ele e prometi postar o áudio da entrevista “em breve”. Pois bem, quase um mês e meio depois, finalmente posto o áudio para vocês! Sim, sim, confesso: sou um pouco (muito?) enrolado, mas tento agora me justificar: cada post aqui é muito pensado, refletido, escrito e editado até ficar com um “sabor” pelo menos próximo ao da ideia que o originou. E isso demora! Não quero me forçar a escrever as coisas cada vez mais rápido, como todo mundo anda fazendo com twitteres da vida, e no final acabar não dizendo nada útil pra ninguém (confessem: quem gosta realmente de saber as horas que alguém acordou ou que está indo comprar papel higiênico às 20:17 de sexta-feira??). De forma resumida, faço minhas as palavras de Saramago quando perguntado o que achava do twitter: “Os tais 140 caracteres refletem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido”. Perfeito, mestre! No entanto, vocês ficam aí, entrando todos os dias, esperando algo novo. E isso é chato e frustrante quando quase nunca tem algo novo. Fato que me custou um merecido puxão de orelhas da minha cunhadinha querida no comentário desse post. Então, me comprometo a toda quinta-feira com certeza ter um post novo, e talvez às segundas, dependendo somente da quantidade de farra do final de semana! Ficam felizes assim?

Voltando, agora, ao Gabriel. O que posso falar dele sem correr o risco de estar sendo parcial demais? Me restrinjo aos fatos: Gabriel é filho único e sempre morou numa casa de adultos, conversando com adultos e ouvindo os problemas e dilemas de adultos. Isso, além do fato de ele receber mimos de todos os lados, o tornou uma criança tímida, que tem certa dificuldade de criar vínculos imediatos com outras crianças. Um pouco sério demais, o garoto fica impaciente até quando suja a roupa ou fica desarrumado! Alguém conhece alguma criança que deixa de brincar por não querer sujar a roupa? Eu ainda não conhecia... Mas tudo isso, pra mim, é consequência do meio em que vive, não da personalidade dele. Quando se solta dessas amarras, grita, pula, brinca, se diverte!

O mais importante de tudo é que Gabriel é, inegavelmente, uma pessoa boa. Nunca vi ele tripudiar de ninguém, nem ofender, nem responder. No máximo umas poucas birras, típicas de quem está sendo mimado, mas nada que um tom de voz um pouco mais autoritário não o faça parar. É um menino lindo, sempre educado, que dá (e acredito que sempre dará) orgulho pra todo mundo! Acho até, por algumas frases soltas que ele disse nas férias, que ele é, por vezes, vítima de bulling na escola. Não me espantaria: o mundo gosta de maltratar pessoas boas, justamente porque elas não revidam. Pelo menos ele parece não desistir: algumas vezes ele já falou, principalmente quando começou a estudar, que não queria ir à aula. Mas nunca deixou de mostrar que gosta de aprender! Principalmente matemática (já vai ele puxando o pai e o tio e caminhando para as ciências exatas...).

Durante as férias, aconteceu algo curioso: no primeiro dia que havíamos chegado em Caldas Novas, depois de ter se divertido um monte no Hot Park, ele recebeu uma ligação da mãe a noite. Pouco depois de ter desligado o telefone, começou a chorar. Quando meu pai foi perguntar para ele o que estava acontecendo, ele disse que era saudade da mãe. Que queria ir embora. Claro que ele não queria realmente ir embora! Tanto é que, nos outros dias, continuou se divertindo aos montes. Naquele momento, ele só foi vencido pelo sentimento de saudade e acabou dizendo o que lhe veio à cabeça... Mas isso deixou meu pai vermelho de raiva! Meu pai adora ele, e o vê de 15 em 15 dias. E, naquele momento, enquanto estava aproveitando a companhia do neto, achando que estava fazendo de tudo para agradá-lo, ouve o neto dizer que quer ir embora por saudades da mãe. Imagino que meu pai tenha pensado que nada do que fez tinha agradado. Aquilo teve um tom de ingratidão. Meu pai, com aquele jeitão dele, começou a esbravejar ao vento, a reclamar alto, enquanto o Gabriel continuava chorando no quarto. Aqui pra nós (já que meu pai não vai ler isso aqui mesmo!), nessa situação não sei quem foi mais criança: se o Gabriel ou se meu pai, por ficar tão bravo por causa disso... Mas, enfim, pouco depois, minha mãe foi lá falar com o Gabriel, e não precisou de 1 minuto para fazê-lo perceber o quanto aquilo podia estar magoando meu pai. Ele enxugou as lágrimas, foi até meu pai e disse daquele jeitinho meigo dele mais ou menos isso: “Não quero ir embora não vovô. Estou gostando daqui. Era só saudade da minha mãe, mas já passou! Obrigado pelas férias. Eu te amo muito!”. Suspeito que algumas coisas foi minha mãe que falou pra ele falar, mas o importante é que se percebia sinceridade e arrependimento na voz dele. Enfim, coisas que só quem estava lá na hora pôde ver...

Ah, e o áudio da entrevista continua logo abaixo! Vocês podem ler sobre o desafio ao Gabriel clicando aqui. Grande abraço a todos, e até quinta-feira que vem (ou segunda, quem sabe?).


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Crianças pequenas e crianças Grandes (2 de 3)

Durante minhas férias, em julho, passei 3 dias não consecutivos na casa de minha avó materna, em Buriti Alegre – GO: dia 21, antes de irmos para Caldas Novas, e dias 25 e 26, retornando de Caldas e antes de eu voltar para a rotina de Brasília. No dia 21, assim que chegamos nos deparamos com um morador inesperado: Pablo. Pablo é meu primo, filho de Percival, irmão de minha mãe, e realmente não consigo calcular o tempo que ficamos sem nos ver! Todas as memórias que tenho dele, ele era bem criança, com não mais de 10 anos de idade. E era uma criança que dava muito trabalho. Não tinha nenhum dos dentes da frente na boca, um pouco por descuido, um pouco por ser muito arteiro. Era o terror da vizinhança quando passava as férias na casa da minha avó! Muito alegre, vivia sorrindo, correndo, pulando muro e juntando aquela cambada de menino em volta pra fazer travessura. Nunca foi bem na escola e, por isso, todo mundo vivia dizendo que ele tinha algum problema. Não aprendeu a ler direito, não passava de ano. E o tempo foi passando assim, com todo mundo sempre repetindo que ele tinha algum problema...
E eis que reencontro com ele. Quase não acreditei que era a mesma pessoa! Quando não se tem contato nenhum com uma pessoa, fica na sua cabeça que o tempo parou para aquela pessoa; e quando você a revê, espera que ela esteja do mesmo jeito. Ou pelo menos parecida. Mas nunca o extremo oposto. E lá estava ele quando chegamos no dia 21: alto, com todos os dentes certinhos na boca. Quieto, muito quieto! Toda vez que sorria, era um sorriso contido, meio amarelo. Passou a maior parte do tempo apenas respondendo de forma bem econômica o que lhe era perguntado. E sempre muito educado! Fiquei pasmo... Mas as coisas não demoraram a ficar um pouco mais claras.
Fiquei sabendo então que há um bom tempo atrás, os pais dele se separaram. Nenhum dos dois é exemplo de pai e mãe, mas não convém aqui falar dos defeitos de ninguém. O que se sei é que ele tentou morar com o pai (dava mais certo com ele), mas vivia brigando com a madastra. Depois tentou morar com a mãe, mas também não deu muito certo. Ficou pulando de casa em casa, até terminar na casa da minha avó, talvez como uma última opção.
Além disso, as pessoas continuam com a mania de falar que ele tem algum problema (mesmo ninguém tentando arriscar que problema é esse): depois de chegarmos e conversarmos um pouco, ele foi para o quarto. Dizem que passa muito tempo lá. Então, fui para um banco na calçada, bem debaixo da janela da sala e comecei a conversar com o Sr. Divino, marido da minha avó (meu avô biológico morreu há muito tempo, quando minha mãe ainda era criança). Ele foi logo dizendo que o Pablo estava tomando remédio já tinha um tempo, que aquele menino não era “bom das ideias”. Se me lembro de falarem isso quando ele era criança, e se a primeira coisa que vieram me falar dele foi justamente isso, imagino que falaram isso dele a vida toda! Ora, ele não pareceu ter problema nenhum pra mim (além da evidente tristeza estampada no rosto) E, bom, a casa da minha avó tem paredes finas, não é forrada... Duvido que ele não estivesse ouvindo estando apenas a alguns metros de onde estávamos conversando. Passei a me imaginar vivendo em um lugar onde todo mundo achasse que eu não fosse normal, que vivessem dizendo isso, e que eu vez ou outra escutasse. Ia acabar acreditando. E também não ia querer sair do quarto!
Minha mãe também ficou preocupada com ele. Pegou o nome do remédio (que não me recordo) e fomos pesquisar na internet para quê ele servia. Era apenas um calmante, e minha avó de fato havia relatado que ele tinha dificuldades para dormir. Não sei quanto a vocês, mas me parece que os únicos problemas que esse garoto sempre teve foram falta de carinho e de cuidado. Passou de criança alegre e farreira para adulto triste e solitário apenas através de um mecanismo cruel de descaso e humilhação que foi triturando a autoestima dele ano após ano. O que me leva a pensar num comentário que ouvi dia desses: as pessoas deviam ter que conseguir permissão para serem pais! Melhor isso do que colocar filho no mundo e não dar a devida atenção, o mínimo de cuidado. Agora pense na quantidade de criança que não passa por situação semelhante? Ou, muitas vezes, pior?
Pobre Pablo. Fica aqui meu desejo sincero de que nesse novo lar receba o carinho que devia ter recebido desde o princípio...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Candidatos ou vilões de desenho animado?

Olá amigos! Sei que prometi continuar a série de posts sobre as crianças, mas achei que o blog estava ficando denso demais, então resolvi falar de coisas mais leves por um tempinho... Estava vendo o debate na bandeirantes quinta-feira passada (espero que todos vocês tenham visto eim!? Muito mais importante colecionar argumentos para decidir quem vai ser nosso próximo presidente que ficar vendo uma semifinal de libertadores), e não sei se pelo tédio de ver os candidatos insistindo em desviar das perguntas polêmicas com respostas genéricas e evasivas (odeio que fiquem repetindo coisas óbvias como “a gente tem que investir mais em educação e em saúde”, sem efetivamente falar como!), ou se nossos dois principais candidatos, que tem reais chances de ganhar, eram os que estavam menos articulados no debate; só sei que durante todo o debate uma única coisa ficava batendo na minha cabeça: a Dilma estava parecendo muito com “alguém” que eu conhecia, com aquele novo corte de cabelo, mas eu não conseguia lembrar de quem... Claro que a língua afiada (e sem noção, diga-se de passagem) do Plínio Arruda Sampaio deu uma brisa divertida de descontração no debate, me tirando momentaneamente da tentativa de lembrar com quem Dilma estava se parecendo, mas fui dormir com essa pulguinha atrás da orelha...
No outro dia, lendo nos jornais a repercussão do debate (achei muito injusto praticamente todas as pesquisas informais na internet considerar Marina como a perdedora do debate! Ela com certeza foi muito mais articulada que o Serra e a Dilma juntos), e um lampejo veio na minha cabeça. Lembrei com quem Dilma estava se parecendo:

Úrsula, a vilã invejosa de A Pequena Sereia, da Disney! Claro que Dilma não está tão gorda, e lhe falta a pinta característica da vilã perto dos lábios, mas não se pode negar que as duas se parecem muito! E não só físicamente: basta lembrar que Úrsula é um polvo e, bom, se parece tanto com a Lula que muita gente até confunde os dois! Veja uma pequena explicação (com comentários meus entre parênteses) das diferenças entre esses dois seres do mar (tirado do site mundoestranho):

“...Para começar, as lulas têm um corpo alongado, em forma de tubo. Já os polvos (...) são mais arredondados. Segunda diferença importante: além dos oito braços, que são comuns a esses dois moluscos, as lulas ainda têm um par de tentáculos e nadadeiras ao longo do corpo - os polvos, não (sim, por mais que o Polvo deseje muito agarrar o poder com seus tentáculos, Lula definitivamente tem mais ferramentas pra isso!). O comportamento de polvos e lulas também é distinto: os primeiros vivem se arrastando no fundo do mar (até que lhes seja conveniente vir à superfície), enquanto as lulas nadam bem perto da superfície (alguém ainda duvida que ele adora se exibir?!), onde ficam os pequenos animais e vegetais que lhes servem de alimento...”

Como dizem, esse é o país da piada pronta mesmo! Basta procurar com atenção. Mas, peraí... E os outros candidatos? Na eleição passada, correu pela internet a semelhança absurda de Serra com o Cérebro, do desenho Pink e Cérebro. Reparem bem:

Teve até uma charge engraçadíssima, feita pelo talentosíssimo Maurício Ricardo, reparando nessa semelhança, juntamente com a semelhança do Ciro Gomes com Pink, o fiel ajudante do Serr... ops, do Cérebro (hehe). Vejam a charge aqui. Segue a letra da música (com o ritmo do tema de abertura do desenho):

“O Serra e o Ciro, o Ciro e o Serra

Eu sou um gênio! Ele, um imbecil

Estou mais preparado...

...do que esse safado!

Quero ser presidente do Brasil!

Ciro e o Serra. Ciro e o Serra...

Ao verem as pesquisas

Se desesperam pois

No primeiro turno, vai dar Lula e um dos dois!

O Serra e o Ciro, o Ciro e o Serra...

Você ainda vai ver

Bastante esses dois.

Quebrando o maior pau

No horário eleitoral!

O Lula eu deixo pra xingar depois!

(Serra para Ciro) – Desequilibrado

(Ciro para Serra) – Mau Caráter”

Kkkkkkkk. Impressionante como a música ainda faz sentido, mesmo com a ausência do Ciro como candidato... Do jeito que as coisas vão, o Serra realmente vai deixar pra xingar o Lula só depois, beeeeeem depois! Afinal, quanto mais ele fala do Lula, quanto mais ele faz declaradamente oposição ao Lula no nordeste, mais votos ele perde lá (incível descobrir que pelo menos 15% das pessoas ainda achavam que o Serra era o candidato do Lula antes de começar oficialmente a campanha no começo de Julho!). E o mais engraçado de tudo e perceber que, como o Cérebro do desenho, Serra vai sempre conseguir conquistar o mundo... mas só amanhã a noite!

Agora, os ilustres coadjuventes:






Primeiro, Plínio e o paranóico vilão Charles Muntz, da ótima animação da Pixar UP - Altas Aventuras. Charles desperdiçou toda a vida procurando pelo simpático pássaro Narceja, com a ajuda dos seus fiéis cães, ao ponto de ficar completamente desequilibrado e odiando todo o resto da humanidade... Bom, Plínio também passou a vida atrás do utópico Socialismo, da Reforma do Proletariado, e como todo radical de extrema esquerda, continua inteligente, mas com um discurso exagerado que só serve... bom, só serve mesmo para fazer rir.

Marina e Cruela (de 101 Dálmatas, da Disney) não tem realmente nada em comum ideologicamente. Só o semblante magérrimo mesmo. Mas se Plínio continuar soltando os cachorros pra cima de Marina, é capaz mesmo de ela ter um surto psicótico, ficar com metade dos cabelos brancos e querer trucidar os pobres cachorrinhos dele pra fazer casaco de pele!

E vocês? Concordam com as semelhanças dos candidatos com vilões de desenho animado? Acham que têm algum vilão que se pareça mais com eles do que os apontados aqui? Dêem suas opiniões!!!